domingo, 8 de fevereiro de 2009

Para todas as horas um pai. Para todo o sempre, um amigo.

O homem da minha vida. A pequena mulher da vida dele.


Hoje, dia 09 de fevereiro de 2009, completa exatamente um ano que sinto saudades. Há um ano, acordei umas 6:30, 7:00 hrs da manhã pela minha prima me dizendo que eu tinha que ser forte e suportar a dor pela morte de meu pai. Esperava por essa notícia mais cedo ou mais tarde, mas mesmo assim não foi fácil absorvê-la, engoli-la, até mesmo por que estava esperando meu pai chegar aqui em São Luís ainda com vida e não que ele morresse cerca de quatro horas antes de viajar. Eu esperava ver meu pai novamente, abraçá-lo, beijá-lo etc.

Papai sempre foi um homem muito forte, bravo, guerreiro, teimoso, cabeça-dura, leal, honesto, trabalhador, mas ao mesmo tempo, era um homem muito fraco para a dor. Por qualquer dorzinha, ele logo ficava todo humilhado, tadinho.

Papai amava aqueles animais como se fossem parte dele; amava aquele curral, aquelas terras. Até quando pôde, fez do impossível o possível para fazer aquilo continuar de pé e dar certo. Lembro-me que ele acordava sempre umas 5 hrs da manhã e ia pro curral tirar leite das vacas. De domingo a domingo, fizesse chuva ou sol. Até quando pôde ele fez isso, até seus poucos 80 anos e mesmo assim ficava lamentando, dizendo que “Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa.”

Recordo-me agora da época que ele me ensinou a andar a cavalo: eram umas 15:30; ele estava chegando com as vacas-de-leite da solta, eu esperando-o no curral. Quando ele entrou, eu fiquei olhando pra ele e para o cavalo. Ele me olhou, puxou a rédea do cavalo para a esquerda e para a direita como se dissesse: “Minha filha, é assim que se faz!”, mas não disse uma palavra. Após isso, passei a ajudá-lo diariamente com os animais.

Mamãe vive me contando a história de que quando eu era bebêzinha – o que não faz muito tempo-, tinha uma música horrível que papai dançava comigo nos braços; e à tarde eu só dormia se ele dançasse comigo. Sem dança, sem sono, sem tranqüilidade! Por diversas vezes eu fazia alguma coisa de errado que merecia uma ‘surrinha’, aí ele não queria me bater, ou preguiça, sei lá, e me perguntava “Tu prefere apanhar agora ou só na próxima?” Eu, como não sou besta, dizia que era para a próxima, claro! E a próxima nunca acontecia... rsrsrs

Por diversas vezes foi bom conosco, o que não impedia também de ser, às vezes, mal. Por vezes você foi injusto, nos castigou por coisas banais, ou mesmo que não fizemos. Nunca entendi por que você tratava o Melão daquele jeito. Sei que você o amava, mas por que nunca demonstrou da maneira certa?! Quando você partiu, Jr. também sentiu muito sua falta, assim como todos nós. Ele tava lá quando tudo aconteceu, deve lembrar disso com tristeza... não deve ser fácil ver o próprio pai sofrendo... No dia que me contaram o que tia Alice fez, chorei de felicidade pela notícia. “Eu te amo, meu filho!”

Papai, te admiro muito por ter sido essa pessoa que foi, sabia? Defeitos todo ser humano tem e os seus não eram poucos. A teimosia e a vontade de querer fazer sempre o que não podia eram um deles. Porém, confundia-se com a sua garra, a vontade de não querer parar nunca, mesmo quando os seus limites já haviam sido superados há muito. A sua mente bolava planos e condições que o corpo não mais suportava e esse é o defeito que eu mais admiro em você. Era o meu defeito favorito! (Risos)


Nossa última foto juntos. Mãos que acariciam.

Mesmo com um ano completo, imagino às vezes que você ainda está perto de mim, talvez esteja ficando louca, ou seja só saudades mesmo. Sempre quando estou indo pra VF, tenho a sensação de que você está na varanda esperando minha chegada, como fazia. Você esperava a hora que fosse, mas só almoçava quando eu chegava ou então ficava dormindo no sofá, mas só ia pra cama depois de se certificar que eu havia chegado bem. Nem gosto muito de melancia, mas você comprava um inteirinha pra mim... e ninguém poderia abrir enquanto eu não chegasse. Ô pai, até parece que eu como tudo aquilo... (risos) Olho para seu quarto, o curral, a sua cadeira, seu lugar na mesa – que ninguém nunca senta na hora de almoçar-, a bengalinha, suas roupas etc. e não tem como não pensar que você está ali ocupando tudo aquilo. Até meus costumes ainda lhe incluem... quando fui passar o final do ano em VF/2008-2009, durmi à tarde e quando acordei, debrucei-me sobre o parapeito da janela e me perguntei: “Que milagre foi esse papai não ter me acordado pra fazer café?!”

Paizinho, como já disse em outro texto que fiz, você não foi um pai perfeito e nem eu fui ‘A filha’, mas fomos o suficiente bons para sermos PAI & FILHA. Quando você disse chorando pra mamãe que estava triste por que não ia ver a filhinha se formar, pode ter certeza que a próxima lágrima será de felicidade ao me ver colando grau; e verá de camarote, hein? (Chique, papito!) (Risos) E lembra qual foi a primeira palavra que o João Guilherme disse? Não foi “mamãe”, nem “papai”...“Dodô!”

Demorou pra eu acostumar a viver sem você aqui, às vezes penso que nunca me acostumei, pra falar a verdade! Depois do sonho que tive e do que aconteceu quando acordei, passei a ter a certeza de que não estou sozinha aqui e que, onde estiver, você está cuidando de mim, como sempre fez. Tenho o maios orgulho do mundo de ser uma BORGES e, principalmente, de poder ter te chamado de PAI ,simplesmente, PAI.

Papai, pai, Dodô, Sr. Liberato, ‘Coronel’... tudo isso você foi e, na nossa memória, sempre será. Não importa em qual dimensão você esteja. A mim, o importante é que você não sairá nunca do meu coração...

“Pai, tá difícil manter o caminho
Tenho andado em meio a espinhos
Nem sempre é tão fácil acertar

Pai, emoções descalçam os meus pés
Me roubando em meio a cordéis
Que me enlaçam em minhas fraquezas

Pai, eu nem sei o que te falar
Mas, eu quero recomeçar
Me ajuda nesse instante”

Aline Barros. Recomeçar

3 comentários:

Antonio Clementin disse...

BRAVO! BRAVO!

Quanta delicadeza! Prima!
A realidade toca fundo o seu coração
Com leveza expressa sentimentos puros

Um espírito de luz, só poderia ter gerado
Uma filha virtuosa, com percepção das
Coisas sensíveis, que tocam e enobrecem

Esse homem que você descreve traduz
Ternura e possui traços idênticos com
Alguém que tinha por ele grande apreço

Os bravos também amam e são ternos
Diziam do meu pai: o dia da tua partida
Ninguém saberá, com a menor dor já está morrendo

Fiquei emocionado e orgulhoso de ter uma
Prima com a capacidade de expressão tão
Afinada, que nos mostra a beleza da emoção

Agradeço ao Altíssimo por essa oportunidade
Poder compartilhar esse momento com você
É um privilégio, uma graça, obrigado.

Um forte abraço

Antonio

nay disse...

Saudade não tem forma nem cor; não tem cheiro nem sabor.
Fala-se nela, mas não se vê; só pensa nela quem acredita.
Ela é parte da ausência; ela é parte do amor; ela tem realidade, mas quem a tem sente dor, uma dor miudinha, que cresce no coração, e que nunca vem sozinha…
Acompanha a solidão; quem a sente nunca esquece, nem nunca esquecerá, o sentimento que não adormece, por alguém que não está! (Rita M. F. Silva)

hernandes disse...

Martinha a vida nem sempre é como queremos(como se vc nunca tivesse ouvido isso), eu ainda hoje me lembro da historia q vc me falou d seu pai: q um dia quando vc era pequena em V.F um amigo dele foi se inventar d tirar "graça" com vc, ai ele nao se aguentou e botou ele pa correr!!! isso pode demonstrar q alem d um bom pai ele foi um grande amigo!!
E nao se preocupe q enquanto vc o amar e guardar as melhores lembranças dele no coração ele sempre stara ao seu lado te apoiando e dando forças para vencer todas as lutas q virão e assistindo d camarote as suas conquistas odontologa e medica veterinaria Marta Borges(martinha, cururu ... para os intimos!!)
um grande baijo t qm t gosta muito e sente muita saudade!!
bjao lindona!!